Escritos de Ada

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Poema do livro 'Águas'

Quem me esculpiu
aprisionou em mim um mar
que ruge a noite inteira

o corpo alquebrado desmorona

de manhã
corro contra o vento
para refazer-me
e acho graça no sol
a inventar novas sombras.

domingo, 17 de abril de 2011

Saudade


Eu, com um mês de idade, e mainha.

O primeiro poema do Águas foi escrito para ela. Diz assim:

"Os braços da minha mãe
mergulharam-me
na primeira canção da minha vida".

É a lembrança do meu primeiro banho de mar. Evidentemente, lembrança construída a partir de fotos, já que, na ocasião, eu só tinha seis meses de idade. Lembro minha cara bochechuda, o biquíni amarelo enfeitado com babadinhos, minha mãe usando uma blusa estampada, o cabelo meio preso. Na foto, parece muito feliz. Uma menina segurando sua linda bonequinha. Pena não ter a imagem aqui.

Ando meio... Sei lá. Esse é um daqueles dias-de-não-sei. Como se houvesse uma coisa meio cinzenta pairando sobre as árvores, sobre as casas, sobre a minha cabeça.
Acho que preciso ir dormir.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

"Águas" à venda na Siciliano

Meu segundo livro de poemas, "Águas", lançado esta quarta (13), está à venda nas livrarias Siciliano. Custa R$ 25.

terça-feira, 12 de abril de 2011

É amanhã!

Meu segundo livro de poemas, Águas, será lançado esta quarta-feira (13), às 19h, na livraria Siciliano do Midway Mall. É mais uma parceria com a Flor do Sal, editora que publicou, em 2008, Menina Gauche.

Gosto do Águas. É mais coeso do que o Menina, talvez por ter sido projetado, desde o começo, para ser livro. Escolhido o tema, os poemas foram, aos poucos, sendo trabalhados para formar o corpo do que viria a ser minha segunda publicação. O Menina Gauche, não: é um apanhado dos textos que eu jogava no blog homônimo desde 2007. O editor (oi, pai!) achou o site, gostou do que viu e propôs a reunião desses poemas  num pequeno livro. Hoje, quando olho o dito, me dou conta de que cortaria pelo menos metade do que está lá. Agora, estou feliz com o Águas, mas é provável que, em alguns meses, eu torça o nariz para boa parte dos seus 40 poemas. É, acho que minha crítica mais ferrenha sou eu. Fazer poesia é um negócio extremamente trabalhoso. Jogo muita coisa fora. Não tenho ideia da quantidade de textos que foram (e ainda irão) parar no lixo.

Ainda estou perturbada com o fato de ter aceitado dar entrevistas para duas emissoras de tevê. Não entendo por que uma pessoa capaz de encarar centenas de alunos se borra de medo de uma câmera.

Enfim, sintam-se convidados a aparecer na Siciliano para beber a água do livro - coquetel é coisa cara, minha gente! Estarei lá fingindo desenvoltura e tentando fazer uma dedicatória diferente para cada pessoa (mentira).

Até.

P.S.: Relevem a postagem troncha. Estou mor-ta-de-can-sa-ço e enrolada até o pescoço com um raio de resumo de 300 palavras. Imaginem o que é isso para quem se dá por satisfeita com um poema de uma mísera linha.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Prefácio - ÁGUAS

Por Sheyla Azevedo - Jornalista

Quando comecei a folhear os primeiros versos alheios, passei a acreditar que a poesia fosse um mergulho profundo no sentido das palavras. E me maravilhava com a possibilidade de desvendar tantos cantos, histórias, sentimentos, ritmos e epopeias na economia de linhas. Um oceano dentro de um copo d’água. Poesia como ocasião para a vida, ou o contrário, já que tendemos à mesma perplexidade diante dos mistérios de uma e de outra. De lá para cá meu encantamento só aumentou diante da beleza que se sujeita a nascer perante a experiência poética, que eu julgo pertencer muito mais a mim enquanto leitora que ao poeta, esse crédulo pescador de metáforas.

Mergulhar nas Águas de Ada Lima é sem dúvida uma experiência poética. Um convite para os deslimites da palavra e o que ela pode nos trazer de misterioso e belo: Agora / que tudo é silêncio / adormeço / ouvindo / o barulho das ondas / o mar é / dentro de mim. Imagino a poeta e seu silêncio, recluso e necessário, se jogando nas pedras do pensamento, provocando ondulações que escorrem para a ponta dos dedos e, sem qualquer outra alternativa possível deságuam no papel. Tenho sede / de coisas inexistentes / que vivem nas pontas dos meus dedos / palpitantes / e suados / como alguém em derradeira agonia.

Um mergulho ora em palavras sem margens na primeira parte, que dá nome ao livro, ora nas confissões poéticas da segunda parte, memórias e outras invenções que nada têm a ver com exposição ou sentimentalismos. Estão mais  para confissões capazes de dar alma às pedras e ouvido às flores, ao mesmo tempo em que nos leva a lembrar com ternura do banho de chuva que jorravam das bicas direto nas nossas cabeças, na infância do interior.

Um poema / é o coração / a pulsar fora do corpo. Ada possui a concisão de um nome que abre asas quando pronunciado. A infinitude em duas letras. Com a sua poesia é a mesma coisa. Aquela menina gauche que ensaiava poemas e inventava fonemas agora nos leva para águas mais profundas e nos faz ler versos com a mesma sonoridade íntima que nos entregamos às conchas coladas ao ouvido.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Lançamento do livro ÁGUAS

A editora Flor do Sal lança o livro Águas na próxima quarta-feira, dia 13 de abril, às 19h, na Siciliano do Midway Mall.

Conto com a presença de vocês!