2011 foi o melhor dos meus últimos anos. Consegui mais coisas do que eu queria e previa. Dias atrás eu brinquei que a sorte em dobro foi porque eu pulei ondas duas vezes: a primeira, porque algum engraçadinho disse que o ano já tinha virado. A segunda, porque era meia-noite, mesmo.
Eu digo que não acredito nessas coisas. Digo.
Há algumas semanas, aconteceu a confraternização do pessoal do trabalho, lá na Vila Feliz, lugar lindo. No centro da vila há uma igreja. Pois bem: ensinaram que, quando se entra em uma igreja pela primeira vez, deve-se pisar primeiro com o pé direito e fazer um pedido tocando na porta da igreja. Repeti o toque duas vezes e pedi algo que, eu espero, se concretize no final de 2012.
Quem sabe? Mal não vai fazer.
***
É, tô só jogando um pouco de conversa fora para não deixar o blog tão abandonado. Talvez eu faça isso mais vezes. Ando meio seca de poesia, o que não quer dizer que eu não queira escrever de vez em quando. Pelo jeito, vou continuar escrevendo para mim.
***
Dia quente e chato, uma coisa morna pairando.
***
Primeira resolução para 2012: conversar mais comigo via blog. Sem revisão, sem edição. Coisas soltas, escritas conforme são pensadas. O que será que vai dar?
Escritos de Ada
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
domingo, 6 de novembro de 2011
Poema do livro "Águas"
O pânico que me escorre das mãos
não é outro
senão
o de ter que ancorar navios
no vazio.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Entrevista publicada na coluna de Carlos de Souza, na Tribuna do Norte, em abril deste ano
É seu segundo livro de poesia. Geralmente autores sentem dificuldade de superar o trabalho anterior. Você achou mais fácil escrever este?
Foi diferente. O primeiro livro é o apanhado dos poemas que eu publicava no blog Menina Gauche, quando eu nem pensava na possibilidade de tê-los publicados, ou seja, não os escrevi pensando neles como conteúdo de um livro. Com o Águas foi diferente, pois o objetivo era escrever um livro. Para isso, escolhi um tema, com o objetivo de fazer um livro mais coeso do que o Menina Gauche, e me impus prazos, de modo a evitar que o livro demorasse a ficar pronto. Eu gosto mais desse segundo livro. Poemas melhores, um conjunto mais coeso. Quando olho o Menina Gauche, sinto vontade de apagar vários dos poemas que estão lá. E sei que, daqui a uns anos, talvez eu queira fazer o mesmo com o Águas, ou com as coisas que publico atualmente no meu blog. Acho que nunca vou ficar plenamente satisfeita com meus poemas.
Você também é jornalista. A profissão influenciou de alguma forma sua decisão de escrever poesia?
Nunca.
Dizem que o curso de Letras acaba fazendo os alunos odiarem literatura. Você concorda?
Eu sou formada em Letras. Assim que concluí o bacharelado em Jornalismo na UFRN, fiz o exame de reingresso e entrei na licenciatura em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas. Foi lá que conheci boa parte dos poetas que mais admiro, como Manoel de Barros, Jorge Luís Borges, Ana Cristina César, James Joyce, entre outros. Tive, ainda, o prazer de ter excelentes professores de literatura, que só me fizeram conhecê-la e amá-la mais.
Quais são suas influências literárias?
Acho perigoso falar em influências, porque passa a impressão de que leio autor Tal na tentativa de imitá-lo, e eu não faço isso. Mesmo porque seria pretensão demais querer imitar um Manoel de Barros. Se há alguma influência - e imagino que haja - no estilo ou no que quer que seja, quando escrevo, nem me dou conta de como acontece isso. Mas, se você quer saber quais poetas mais admiro, além dos que já citei, há T.S. Eliot, Adélia Prado, Drummond, José Paulo Paes... É deles que lembro de imediato, quando me perguntam sobre influências, referências etc.
A literatura do Rio Grande do Norte não é muito conhecida no resto do Brasil. Isso lhe perturba de alguma forma?
Os escritores potiguares mal são conhecidos aqui, e acho que isso, sim, é que me perturba.
A internet ajuda ou atrapalha no ato de criação e fruição de poesia?
Não atrapalha nem ajuda na criação. Mas, certamente, é um bom meio de divulgação.
Você criaria um blog para recitar poesia?
Não. Não sei recitar.
Você acha que a literatura está em crise? Se achar, o que fazer para superá-la?
As pessoas leem pouco. Livros e blogs bons, existem aos montes e continuarão a existir. Então, não há problema algum com a produção de literatura, se é essa a crise à qual você se refere na pergunta. Quanto ao fato de se ler pouco, caímos naquele debate de sempre, sobre não haver uma cultura de leitura, não haver incentivo ao contato com os livros nas escolas... Poderíamos passar horas conversando sobre isso, infelizmente.
Qual a sensação de escrever poesia?
Fazer poesia dá trabalho. Dificilmente, me dou por satisfeita com as primeiras tentativas. Jogo muita coisa fora. Alguns poemas do Águas foram refeitos muitas vezes. Sobre o que sinto, é complicado explicar. Às vezes, o ato de escrever funciona como uma válvula de escape. Outras vezes, tenho uma boa ideia que quero passar para o papel. Enfim, depende do momento.
Que dicas você daria para quem quer publicar um livro de poesia?
Publicar não é só questão de talento. Depende demais de conhecer as pessoas certas. Então, a divulgação é fundamental. Vale ter um blog, mostrar os poemas aos amigos, tentar fazer contato com editores... Só não dá para esperar que alguém descubra você e faça uma proposta, do nada.
Foi diferente. O primeiro livro é o apanhado dos poemas que eu publicava no blog Menina Gauche, quando eu nem pensava na possibilidade de tê-los publicados, ou seja, não os escrevi pensando neles como conteúdo de um livro. Com o Águas foi diferente, pois o objetivo era escrever um livro. Para isso, escolhi um tema, com o objetivo de fazer um livro mais coeso do que o Menina Gauche, e me impus prazos, de modo a evitar que o livro demorasse a ficar pronto. Eu gosto mais desse segundo livro. Poemas melhores, um conjunto mais coeso. Quando olho o Menina Gauche, sinto vontade de apagar vários dos poemas que estão lá. E sei que, daqui a uns anos, talvez eu queira fazer o mesmo com o Águas, ou com as coisas que publico atualmente no meu blog. Acho que nunca vou ficar plenamente satisfeita com meus poemas.
Você também é jornalista. A profissão influenciou de alguma forma sua decisão de escrever poesia?
Nunca.
Dizem que o curso de Letras acaba fazendo os alunos odiarem literatura. Você concorda?
Eu sou formada em Letras. Assim que concluí o bacharelado em Jornalismo na UFRN, fiz o exame de reingresso e entrei na licenciatura em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas. Foi lá que conheci boa parte dos poetas que mais admiro, como Manoel de Barros, Jorge Luís Borges, Ana Cristina César, James Joyce, entre outros. Tive, ainda, o prazer de ter excelentes professores de literatura, que só me fizeram conhecê-la e amá-la mais.
Quais são suas influências literárias?
Acho perigoso falar em influências, porque passa a impressão de que leio autor Tal na tentativa de imitá-lo, e eu não faço isso. Mesmo porque seria pretensão demais querer imitar um Manoel de Barros. Se há alguma influência - e imagino que haja - no estilo ou no que quer que seja, quando escrevo, nem me dou conta de como acontece isso. Mas, se você quer saber quais poetas mais admiro, além dos que já citei, há T.S. Eliot, Adélia Prado, Drummond, José Paulo Paes... É deles que lembro de imediato, quando me perguntam sobre influências, referências etc.
A literatura do Rio Grande do Norte não é muito conhecida no resto do Brasil. Isso lhe perturba de alguma forma?
Os escritores potiguares mal são conhecidos aqui, e acho que isso, sim, é que me perturba.
A internet ajuda ou atrapalha no ato de criação e fruição de poesia?
Não atrapalha nem ajuda na criação. Mas, certamente, é um bom meio de divulgação.
Você criaria um blog para recitar poesia?
Não. Não sei recitar.
Você acha que a literatura está em crise? Se achar, o que fazer para superá-la?
As pessoas leem pouco. Livros e blogs bons, existem aos montes e continuarão a existir. Então, não há problema algum com a produção de literatura, se é essa a crise à qual você se refere na pergunta. Quanto ao fato de se ler pouco, caímos naquele debate de sempre, sobre não haver uma cultura de leitura, não haver incentivo ao contato com os livros nas escolas... Poderíamos passar horas conversando sobre isso, infelizmente.
Qual a sensação de escrever poesia?
Fazer poesia dá trabalho. Dificilmente, me dou por satisfeita com as primeiras tentativas. Jogo muita coisa fora. Alguns poemas do Águas foram refeitos muitas vezes. Sobre o que sinto, é complicado explicar. Às vezes, o ato de escrever funciona como uma válvula de escape. Outras vezes, tenho uma boa ideia que quero passar para o papel. Enfim, depende do momento.
Que dicas você daria para quem quer publicar um livro de poesia?
Publicar não é só questão de talento. Depende demais de conhecer as pessoas certas. Então, a divulgação é fundamental. Vale ter um blog, mostrar os poemas aos amigos, tentar fazer contato com editores... Só não dá para esperar que alguém descubra você e faça uma proposta, do nada.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Preá na Rede
A edição número 23 da Revista Preá está disponível no link: http://issuu.com/revista_prea/ docs/revista_prea_23.
domingo, 15 de maio de 2011
O real da poesia
(Publicado no Novo Jornal, edição do dia 23 de abril de 2010)
Aos doze anos de idade, decidi dar uma folga ao meu diário – um caderninho de capa cinzenta decorada com a meiga figura de uma menina com vestido de babados – e comecei a usar um dos cadernos da escola para escrever poemas.
Na minha míope visão de adolescente, eu achava que poesia era, primordialmente, uma válvula de escape para sentimentos represados. Não tardei a imitar os sofredores da segunda geração do Romantismo brasileiro e arrumei até um muso inspirador: o garoto loirinho que morava a menos de cinqüenta metros da casa dos meus avós maternos. Juntei isso às formas engessadas dos poetas parnasianos e o resultado era uma mistura que, a princípio, enchia meu peito adolescente orgulho, mas depois de um tempo se revelou indigesta e logo foi relegada ao fundo de um baú que nem existe mais.
Precisei entrar na universidade para ter acesso a coisas diferentes do que eu costumava ver nos livros didáticos. E foi num curso de Teoria da Literatura que conheci o escritor mineiro Francisco Alvim. Ainda lembro do meu nariz torcendo diante de versos como: “Quem te deu esse brinquinho? / Comprei lá na feira do Gaminha”.
Felizmente, não demorei a entender algo que sempre me vem à mente quando penso em literatura: tudo pode ser matéria para a poesia. Palavra de quem sente um arrepio na espinha ao ler os poemas de Manoel de Barros sobre formigas.
A poesia abarca o mundo inteiro, das pedras do pantanal às vozes das rodoviárias, bares e casas da periferia... São essas as vozes que ecoam na poesia de Alvim. Não vou mentir e dizer que amo esse poemas com jeito de bordão, que lembram discursos repetidos todos os dias, nas ruas e casas de inúmeras cidades. Confesso que me sinto muito mais tocada por versos cheios de lirismo como esses, também de Alvim: “Teu pisar macio, dançarino,/ enobrece os ventres frios,/ femininos./ À tua volta tudo canta / Tudo desconhece”.
Conheço, contudo, quem ache Alvim brilhante com sua capacidade de reproduzir em versos o discurso comum a incontáveis sujeitos, como alguém que circula por aí com um microfone para captar a voz das ruas e mostrá-la em poemas concisos e condensados ao extremo. Imagino que esse tom coloquial e natural seja o fator que favorece a identificação imediata de tantos leitores com a obra do mineiro.
Mas, afinal, o que define se algo é poesia ou não? A identificação do leitor com a obra? Parâmetros culturais? A formação literária? Aquilo que não se discute e chamamos de gosto? Tudo e nada disso. O próprio Alvim, no poema que abre o livro Elefante, indaga: “Qual o real da poesia?”. O real da poesia, respondo: é o real construído por cada leitor, idiossincrático e indiscutível.
Aos doze anos de idade, decidi dar uma folga ao meu diário – um caderninho de capa cinzenta decorada com a meiga figura de uma menina com vestido de babados – e comecei a usar um dos cadernos da escola para escrever poemas.
Na minha míope visão de adolescente, eu achava que poesia era, primordialmente, uma válvula de escape para sentimentos represados. Não tardei a imitar os sofredores da segunda geração do Romantismo brasileiro e arrumei até um muso inspirador: o garoto loirinho que morava a menos de cinqüenta metros da casa dos meus avós maternos. Juntei isso às formas engessadas dos poetas parnasianos e o resultado era uma mistura que, a princípio, enchia meu peito adolescente orgulho, mas depois de um tempo se revelou indigesta e logo foi relegada ao fundo de um baú que nem existe mais.
Precisei entrar na universidade para ter acesso a coisas diferentes do que eu costumava ver nos livros didáticos. E foi num curso de Teoria da Literatura que conheci o escritor mineiro Francisco Alvim. Ainda lembro do meu nariz torcendo diante de versos como: “Quem te deu esse brinquinho? / Comprei lá na feira do Gaminha”.
Felizmente, não demorei a entender algo que sempre me vem à mente quando penso em literatura: tudo pode ser matéria para a poesia. Palavra de quem sente um arrepio na espinha ao ler os poemas de Manoel de Barros sobre formigas.
A poesia abarca o mundo inteiro, das pedras do pantanal às vozes das rodoviárias, bares e casas da periferia... São essas as vozes que ecoam na poesia de Alvim. Não vou mentir e dizer que amo esse poemas com jeito de bordão, que lembram discursos repetidos todos os dias, nas ruas e casas de inúmeras cidades. Confesso que me sinto muito mais tocada por versos cheios de lirismo como esses, também de Alvim: “Teu pisar macio, dançarino,/ enobrece os ventres frios,/ femininos./ À tua volta tudo canta / Tudo desconhece”.
Conheço, contudo, quem ache Alvim brilhante com sua capacidade de reproduzir em versos o discurso comum a incontáveis sujeitos, como alguém que circula por aí com um microfone para captar a voz das ruas e mostrá-la em poemas concisos e condensados ao extremo. Imagino que esse tom coloquial e natural seja o fator que favorece a identificação imediata de tantos leitores com a obra do mineiro.
Mas, afinal, o que define se algo é poesia ou não? A identificação do leitor com a obra? Parâmetros culturais? A formação literária? Aquilo que não se discute e chamamos de gosto? Tudo e nada disso. O próprio Alvim, no poema que abre o livro Elefante, indaga: “Qual o real da poesia?”. O real da poesia, respondo: é o real construído por cada leitor, idiossincrático e indiscutível.
sábado, 7 de maio de 2011
Lançamento da Revista Preá
A Revista Preá, da Fundação José Augusto, está de volta. O lançamento do número 10 está marcado para a próxima terça-feira, dia 10 de maio, às 19h, na Pinacoteca do Estado, Praça Sete de Setembro, Cidade Alta (clique na imagem acima para visualizar o convite).
Estou nessa nova edição, no registro de uma conversa com Diva Cunha, em uma matéria com jovens poetas, e no ensaio fotográfico feito por Giovanni Sérgio e Giovanna Hackradt, com mais dez poetas do Rio Grande do Norte.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Partícula elementar
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Poema do livro 'Águas'
Quem me esculpiu
aprisionou em mim um mar
que ruge a noite inteira
o corpo alquebrado desmorona
de manhã
corro contra o vento
para refazer-me
e acho graça no sol
a inventar novas sombras.
a inventar novas sombras.
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