Escritos de Ada
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Preá na Rede
A edição número 23 da Revista Preá está disponível no link: http://issuu.com/revista_prea/ docs/revista_prea_23.
domingo, 15 de maio de 2011
O real da poesia
(Publicado no Novo Jornal, edição do dia 23 de abril de 2010)
Aos doze anos de idade, decidi dar uma folga ao meu diário – um caderninho de capa cinzenta decorada com a meiga figura de uma menina com vestido de babados – e comecei a usar um dos cadernos da escola para escrever poemas.
Na minha míope visão de adolescente, eu achava que poesia era, primordialmente, uma válvula de escape para sentimentos represados. Não tardei a imitar os sofredores da segunda geração do Romantismo brasileiro e arrumei até um muso inspirador: o garoto loirinho que morava a menos de cinqüenta metros da casa dos meus avós maternos. Juntei isso às formas engessadas dos poetas parnasianos e o resultado era uma mistura que, a princípio, enchia meu peito adolescente orgulho, mas depois de um tempo se revelou indigesta e logo foi relegada ao fundo de um baú que nem existe mais.
Precisei entrar na universidade para ter acesso a coisas diferentes do que eu costumava ver nos livros didáticos. E foi num curso de Teoria da Literatura que conheci o escritor mineiro Francisco Alvim. Ainda lembro do meu nariz torcendo diante de versos como: “Quem te deu esse brinquinho? / Comprei lá na feira do Gaminha”.
Felizmente, não demorei a entender algo que sempre me vem à mente quando penso em literatura: tudo pode ser matéria para a poesia. Palavra de quem sente um arrepio na espinha ao ler os poemas de Manoel de Barros sobre formigas.
A poesia abarca o mundo inteiro, das pedras do pantanal às vozes das rodoviárias, bares e casas da periferia... São essas as vozes que ecoam na poesia de Alvim. Não vou mentir e dizer que amo esse poemas com jeito de bordão, que lembram discursos repetidos todos os dias, nas ruas e casas de inúmeras cidades. Confesso que me sinto muito mais tocada por versos cheios de lirismo como esses, também de Alvim: “Teu pisar macio, dançarino,/ enobrece os ventres frios,/ femininos./ À tua volta tudo canta / Tudo desconhece”.
Conheço, contudo, quem ache Alvim brilhante com sua capacidade de reproduzir em versos o discurso comum a incontáveis sujeitos, como alguém que circula por aí com um microfone para captar a voz das ruas e mostrá-la em poemas concisos e condensados ao extremo. Imagino que esse tom coloquial e natural seja o fator que favorece a identificação imediata de tantos leitores com a obra do mineiro.
Mas, afinal, o que define se algo é poesia ou não? A identificação do leitor com a obra? Parâmetros culturais? A formação literária? Aquilo que não se discute e chamamos de gosto? Tudo e nada disso. O próprio Alvim, no poema que abre o livro Elefante, indaga: “Qual o real da poesia?”. O real da poesia, respondo: é o real construído por cada leitor, idiossincrático e indiscutível.
Aos doze anos de idade, decidi dar uma folga ao meu diário – um caderninho de capa cinzenta decorada com a meiga figura de uma menina com vestido de babados – e comecei a usar um dos cadernos da escola para escrever poemas.
Na minha míope visão de adolescente, eu achava que poesia era, primordialmente, uma válvula de escape para sentimentos represados. Não tardei a imitar os sofredores da segunda geração do Romantismo brasileiro e arrumei até um muso inspirador: o garoto loirinho que morava a menos de cinqüenta metros da casa dos meus avós maternos. Juntei isso às formas engessadas dos poetas parnasianos e o resultado era uma mistura que, a princípio, enchia meu peito adolescente orgulho, mas depois de um tempo se revelou indigesta e logo foi relegada ao fundo de um baú que nem existe mais.
Precisei entrar na universidade para ter acesso a coisas diferentes do que eu costumava ver nos livros didáticos. E foi num curso de Teoria da Literatura que conheci o escritor mineiro Francisco Alvim. Ainda lembro do meu nariz torcendo diante de versos como: “Quem te deu esse brinquinho? / Comprei lá na feira do Gaminha”.
Felizmente, não demorei a entender algo que sempre me vem à mente quando penso em literatura: tudo pode ser matéria para a poesia. Palavra de quem sente um arrepio na espinha ao ler os poemas de Manoel de Barros sobre formigas.
A poesia abarca o mundo inteiro, das pedras do pantanal às vozes das rodoviárias, bares e casas da periferia... São essas as vozes que ecoam na poesia de Alvim. Não vou mentir e dizer que amo esse poemas com jeito de bordão, que lembram discursos repetidos todos os dias, nas ruas e casas de inúmeras cidades. Confesso que me sinto muito mais tocada por versos cheios de lirismo como esses, também de Alvim: “Teu pisar macio, dançarino,/ enobrece os ventres frios,/ femininos./ À tua volta tudo canta / Tudo desconhece”.
Conheço, contudo, quem ache Alvim brilhante com sua capacidade de reproduzir em versos o discurso comum a incontáveis sujeitos, como alguém que circula por aí com um microfone para captar a voz das ruas e mostrá-la em poemas concisos e condensados ao extremo. Imagino que esse tom coloquial e natural seja o fator que favorece a identificação imediata de tantos leitores com a obra do mineiro.
Mas, afinal, o que define se algo é poesia ou não? A identificação do leitor com a obra? Parâmetros culturais? A formação literária? Aquilo que não se discute e chamamos de gosto? Tudo e nada disso. O próprio Alvim, no poema que abre o livro Elefante, indaga: “Qual o real da poesia?”. O real da poesia, respondo: é o real construído por cada leitor, idiossincrático e indiscutível.
sábado, 7 de maio de 2011
Lançamento da Revista Preá
A Revista Preá, da Fundação José Augusto, está de volta. O lançamento do número 10 está marcado para a próxima terça-feira, dia 10 de maio, às 19h, na Pinacoteca do Estado, Praça Sete de Setembro, Cidade Alta (clique na imagem acima para visualizar o convite).
Estou nessa nova edição, no registro de uma conversa com Diva Cunha, em uma matéria com jovens poetas, e no ensaio fotográfico feito por Giovanni Sérgio e Giovanna Hackradt, com mais dez poetas do Rio Grande do Norte.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Partícula elementar
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