Escritos de Ada

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Entrevista publicada na coluna de Carlos de Souza, na Tribuna do Norte, em abril deste ano

É seu segundo livro de poesia. Geralmente autores sentem dificuldade de superar o trabalho anterior. Você achou mais fácil escrever este?

Foi diferente. O primeiro livro é o apanhado dos poemas que eu publicava no blog Menina Gauche, quando eu nem pensava na possibilidade de tê-los publicados, ou seja, não os escrevi pensando neles como conteúdo de um livro. Com o Águas foi diferente, pois o objetivo era escrever um livro. Para isso, escolhi um tema, com o objetivo de fazer um livro mais coeso do que o Menina Gauche, e me impus prazos, de modo a evitar que o livro demorasse a ficar pronto. Eu gosto mais desse segundo livro. Poemas melhores, um conjunto mais coeso. Quando olho o Menina Gauche, sinto vontade de apagar vários dos poemas que estão lá. E sei que, daqui a uns anos, talvez eu queira fazer o mesmo com o Águas, ou com as coisas que publico atualmente no meu blog. Acho que nunca vou ficar plenamente satisfeita com meus poemas.

Você também é jornalista. A profissão influenciou de alguma forma sua decisão de escrever poesia?

Nunca.

Dizem que o curso de Letras acaba fazendo os alunos odiarem literatura. Você concorda?

Eu sou formada em Letras. Assim que concluí o bacharelado em Jornalismo na UFRN, fiz o exame de reingresso e entrei na licenciatura em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas. Foi lá que conheci boa parte dos poetas que mais admiro, como Manoel de Barros, Jorge Luís Borges, Ana Cristina César, James Joyce, entre outros. Tive, ainda, o prazer de ter excelentes professores de literatura, que só me fizeram conhecê-la e amá-la mais.

Quais são suas influências literárias?

Acho perigoso falar em influências, porque passa a impressão de que leio autor Tal na tentativa de imitá-lo, e eu não faço isso. Mesmo porque seria pretensão demais querer imitar um Manoel de Barros. Se há alguma influência - e imagino que haja  - no estilo ou no que quer que seja, quando escrevo, nem me dou conta de como acontece isso. Mas, se você quer saber quais poetas mais admiro, além dos que já citei, há T.S. Eliot, Adélia Prado, Drummond, José Paulo Paes... É deles que lembro de imediato, quando me perguntam sobre influências, referências etc.

A literatura do Rio Grande do Norte não é muito conhecida no resto do Brasil. Isso lhe perturba de alguma forma?

Os escritores potiguares mal são conhecidos aqui, e acho que isso, sim, é que me perturba.

A internet ajuda ou atrapalha no ato de criação e fruição de poesia?

Não atrapalha nem ajuda na criação. Mas, certamente, é um bom meio de divulgação.

Você criaria um blog para recitar poesia?

Não. Não sei recitar.

Você acha que a literatura está em crise? Se achar, o que fazer para superá-la?

As pessoas leem pouco. Livros e blogs bons, existem aos montes e continuarão a existir. Então, não há problema algum com a produção de literatura, se é essa a crise à qual você se refere na pergunta. Quanto ao fato de se ler pouco, caímos naquele debate de sempre, sobre não haver uma cultura de leitura, não haver incentivo ao contato com os livros nas escolas... Poderíamos passar horas conversando sobre isso, infelizmente.

Qual a sensação de escrever poesia?

Fazer poesia dá trabalho. Dificilmente, me dou por satisfeita com as primeiras tentativas. Jogo muita coisa fora. Alguns poemas do Águas foram refeitos muitas vezes. Sobre o que sinto, é complicado explicar. Às vezes, o ato de escrever funciona como uma válvula de escape. Outras vezes, tenho uma boa ideia que quero passar para o papel. Enfim, depende do momento.

Que dicas você daria para quem quer publicar um livro de poesia?

Publicar não é só questão de talento. Depende demais de conhecer as pessoas certas. Então, a divulgação é fundamental. Vale ter um blog, mostrar os poemas aos amigos, tentar fazer contato com editores... Só não dá para esperar que alguém descubra você e faça uma proposta, do nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário