Vejo o homem de branco no jardim
coluna envergada pelo tempo
– bambu sob o vento –
mãos escurecidas de sol, terra e
tinta
sementeiras
emprenham o ventre úmido da terra
e a carne mole do papel.
Daquela viceja a vida
em flores (o mel)
e em frutos (o sumo)
do outro emana fel:
palavras.
Vejo o homem no jardim
envergando-se ensimesmado
sobre a terra
terra que morrerá
o solo, de estéril, se avessará
acabarão o mel e o sumo
quiçá as secas folhas de papel
mas não as palavras.
Estas viverão
para além do homem de branco
que planta poemas no jardim.
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