Ali
onde eu já quis dobrar os joelhos
onde eu imaginei haverem anjos
e - sacrilégio - desejei
brincar no telhado
ao lado dos querubins
Hoje
apenas pedras, estátuas, tapetes
e gente
tanta gente
cantando tão alto para ninguém
Ali
absolutamente nada
o nada
e seu peso retumbante
a me esmagar.
Nos últimos anos, vi a fé que me acompanhou desde o berço se desvanecer aos poucos. O deus que um dia já foi meu confidente e minha única figura paterna se transformou em uma ideia abstrata e deixou de ser real. Confesso que há uma parte de mim aliviada por não estar mais sob a jurisdição da bíblia e suas expectativas desumanas. No entanto, há uma parte de mim que ainda não sabe o que fazer com o vazio que ficou. Por isso, seu poema - em especial, o último verso - me tocou profundamente.
ResponderExcluir