Escritos de Ada

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Desalinho

Quisera arrumar meu corpo
como se ajeita uma casa
mas não posso não consigo

meu corpo está desmoronando
eu não posso arrumá-lo não consigo limpá-lo
erguê-lo dói

são muitos fios e poucas tomadas
plugs em desalinho
não há emenda não há jeito

há poeira vermelha no assoalho
há carne viva nos canais
tento removê-las mas estão agarradas

há cardos teimosos
arame farpado
anuviando a vista da vida
exceto por uma janela

aquela janela sempre aberta
ao futuro atrás de mim.

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