Talvez
eu
jamais esqueça o seu nome
(tenho
boa memória para nomes
assim
como para particularidades anatômicas:
um
sinal no peito
um
dedinho torto
caninos
sem pontas
pequenos calos nas mãos)
pequenos calos nas mãos)
mas um
dia
haverei
de esquecer
o tom
da sua voz me dizendo
como a
uma criança
que eu
tenha cuidado porque este mundo é uma selva
que eu
observe com quem andam os homens
para deles
me proteger
haverei
de esquecer
de
como era fácil desarmar você
um
beijo na nuca apenas
um
abraço com minhas pernas em tua cintura
e era
tudo meu:
os
sorrisos
o
corpo em festa
os
olhos fechados
o
ressonar revelando inimaginável intensidade
tanta
como
se todo o ar tivesse de ser seu
um dia
haverei de largar tudo isso
não
naquele relicário
onde
guardo os amores que me fizeram melhor
mas
num baú
cuja
chave perderei a cada troca de fechadura
para
que permaneçam ali as lembranças de quem me fez abrir a porta
e
ficar ao relento
para
ficar em paz
sabendo
de você
talvez
apenas
o nome.
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